Ainda é o humano uma admirável ponte entre o pré-humano e o pós-humano?
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Trabalho apresentado por Arnaldo Chuster à Sociedade Brasileira de Psicanálise de Campinas em 2021.
O título do meu trabalho parafraseia uma citação de Nietzsche em Assim Falou Zaratustra. Na realidade, cito-a integralmente com uma pequena modificação, cuja relevância é apenas de caráter exclusivamente pessoal, pois nela introduzo um questionamento que move meu pensar.
De uma maneira geral, não ignoro que minha indagação condensa as três questões edípicas principais, quem sou eu, de onde eu vim, para onde eu vou.
Minha ênfase, inicialmente, é na última questão, que pode sugerir um pessimismo cético, se pergunto será que vamos mesmo a algum lugar?
Todavia, se tal indagação, segue o Princípio da Incerteza, um de meus favoritos princípios ético-estéticos, sei que poderá ser vista também como realista devido ao atual estado de coisas na humanidade (mais adiante pretendo falar sobre a diferença entre o realismo responsável e o realismo utópico).
Certamente que estou me referindo a pandemia em curso, que expôs de uma forma gritante como vivíamos numa irresponsabilidade universal, cercados de mentiras e falácias, onipotentemente achando que estávamos construindo nossas vidas em cima de ditames corretos de utopias políticas.
Contudo, preciso assinalar que não é só isso, existem elementos destrutivos que antecedem a pandemia, elementos do humano, e que vão certamente sucedê-la, com o agravante de que podem possuir, no futuro, mais sofisticação.
O que pretendo desenvolver hoje é uma conversão dessas três questões acima ao olhar psicanalítico, sobretudo acompanhado das ideias de W.R.Bion.
Primeira parte da questão: de onde viemos?
Vou começar me referindo a especulações psicanalíticas de como os grupos humanos surgiram. Essas especulações não têm relevância histórica, arqueológica, ou antropológica, são elementos de ordem ficcional, que pertencem a uma categoria onírico-poiética com a qual trabalha o psicanalista.

O ser humano resulta de pelo menos duas grandes catástrofes naturais. A primeira ocorreu há 65 milhões de anos, quando um asteroide de grandes proporções, 17 km de diâmetro e 2,6 toneladas por metro cúbico, colidiu com a Terra da pior maneira possível, caindo na região que hoje em dia é a península de Yucatán no México. A cratera formada, existente até hoje, tem 180km de diâmetro.

O impacto foi devastador, causando terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, que cobriram por anos o céu de cinzas, levando à extinção da espécie dominante, os dinossauros. A injeção de bilhões de toneladas de enxofre no ar causou uma queda de 25 graus Celsius na temperatura por pelo menos 15 anos, fazendo com que a maior parte do planeta congelasse.

Foi a partir dessa catástrofe que os mamíferos, até então circunscritos a nichos ecológicos muito específicos, encontraram o mundo livre para se expandir e tiveram sua evolução acelerada.
Um fato decisivo para essa evolução foi o abandono exclusivo dos hábitos noturnos em favor da atividade diurna_ agora possível sem os antigos predadores_ isso facilitou que a visão dos proto-mamíferos, acostumada às condições da noite, adapta-se à claridade do dia.

A flexibilização evolutiva dos centros cerebrais da visão exigida para essa tarefa permitiu que o sistema perceptivo dos mamíferos adquirisse uma capacidade notável, que podemos chamar de síntese dos sentidos de longo alcance; ou síntese dos conjuntos de alta intensidade sensorial, ou seja, seus cérebros passaram a integrar os estímulos recebidos pela visão, olfato, tato, audição e movimento em um mapa unificado operação extremamente sofisticada uma vez que os sinais recebidos são de natureza muito distinta. Essa síntese permitiu que os objetos percebidos ganhassem identidade e estabilidade, ainda que estivessem em movimento, ou que o observador mudasse seu ponto de vista. Isso não acontecida com os sáurios. Os cérebros dos dinossauros estavam mais próximos de relés de transmissão elétrica unicamente reativa.

Proto-mamífero
Em decorrência dessa notável aquisição, o mundo dos mamíferos ganhou continuidade e passou a ser constituído por objetos duráveis analógicos. Essa objetalização do mundo constitui o quadro biológico de fundo a partir do qual, posteriormente, o pré-humano e depois o humano, apreende a realidade e nela se situa. Tal fundo integrado foi também responsável na espécie humana pelo nascimento da sensibilidade para o tempo e o espaço. Surgia o esboço de uma mente tridimensional. Mas, por outro lado, uma força de desobjetalização foi também evoluindo. Essa força irá alcançar sua máxima eficácia no animal humano.

O segundo desastre ocorreu há cerca de sete milhões de anos atrás quando a era do gelo começou a se dissipar causando retração de grandes áreas geladas situadas no Norte da Europa e Antártida. O degelo em grandes áreas, alterou a temperatura da terra, que era em média 8 graus para 18/22, e provocou alterações climáticas na África Central, que levaram grandes regiões de densas florestas tropicais a se transformar, pouco a pouco, em savanas de vegetação baixa, com limites desérticos.
Alguns tipos de primatas que aí viviam, privados do ambiente multidimensional da floresta fechada, foram forçados a se adaptar às novas condições, assumindo uma posição ereta, tornando-se bípedes. O objetivo era vigiar predadores do novo habitat, que eram um tigre de dentes enormes, e um mastodonte peludo.

Essa mudança aparentemente tão simples teve enormes consequências. As patas dianteiras ficando liberadas da função exclusiva de locomoção permitiu uma progressiva oposição do polegar aos outros dedos, e o pinçar objetos. O movimento permitia observar melhor os detalhes, e produziu um realinhamento do olhar com o movimento dos punhos (garantindo a precisão dos gestos), finalmente, as patas se transformaram em mãos. Ficou mais fácil carregar alimentos e, sobretudo, os bebês da espécie ficaram mais protegidos durante a locomoção de um local para outro.
Até o momento, estou falando de um processo evolutivo que deve ter durado em torno de sete a cinco milhões de anos.
As mãos passaram a levar o alimento à boca; liberada da função de agarrar a presa, a mandíbula se suavizou em tamanho, a massa encefálica foi para trás forçando o aumento concomitante da capacidade craniana, permitindo conter um número muito grande de neurônios compactados, de rápida transmissão, e mais suscetíveis ao armazenamento de memórias das experiências.
E foi graças ao uso das mãos e da pinça que permitiu a nossos ancestrais se tornarem animais técnicos ao conseguir, há um milhão de anos atrás, o extraordinário feito de adquirir controle sobre o fogo.
Cozinhar alimentos permitiu mais facilidade na digestão, permitiu armazenar comida defumada, sobrando mais tempo para observar a natureza e perceber a existência de ciclos, estações do ano, fazer previsões dos períodos de migração de manadas, etc. Esses dados foram sendo recordados, e registrados, copiados inicialmente nas paredes de cavernas e rochas de proteção, transformando-se em previsões de uma geração para outra. Nascia a percepção da dimensão do amanhã: o futuro.
A maneira mais “econômica” de se produzir todo esse conjunto de alterações morfológicas e fisiológicas foi atrasar a maturação dos fetos_ processo a que os paleoantropólogos chamam de neotenia. Desse modo, os bebês pré-humanos passaram a nascer cada vez mais “inacabados” (imaturos), ou seja, sua maturação completa começou a ocorrer apenas depois de terem nascido. Ao contrário de todos outros mamíferos e animais, que nascem sabendo tudo que precisam para sobreviver, o salto pré-humano/humano deparou-se com uma tábula rasa de conhecimentos, um vazio infinito sem forma.
O desenvolvimento retardado teve a principal função de reduzir a influência dos fatores inatos e aumentar a capacidade de aprender da experiência. Os bebês neotênicos incapazes de sobreviver por si mesmos durante um longo período (que continua aumentando até hoje), demandam cuidados intensivos por parte do grupo. Com isso, o grupo se tornou de tal maneira importante que a espécie, em algum momento, se mudou da natureza para a sociedade, tornando-se o que Aristóteles chamava de animal político.
A simples sobrevivência da espécie exigiu uma forte coesão da coletividade, uma socialização integradora, para que os bebês, representando o futuro da espécie pudessem ser preservados.
Outra inovação revolucionária que fomentou o fortalecimento dos laços sociais foi a criação de uma nova forma de se comunicar, graças ao alongamento das cordas vocais produzida por uma caixa craniana mais leve que esticou o pescoço da espécie. A facilidade de emitir sons variados fez a voz converter-se em um novo suporte de registro, no qual o significado de posturas e gestos empregados pelo grupo traduziu-se em palavras: o surgimento da fala, talvez o acontecimento mais decisivo da história de nossa espécie, pois tornou-se um modelo de construção de armas e baluartes.

Vejamos agora como Bion intuitivamente inseriu todos esses elementos em sua concepção psicanalítica do ser humano. As ideias a seguir são uma brilhante percepção intuitiva do contexto que leva ao desenvolvimento do ser humano.
Quando Bion desenvolvia sua teoria dos grupos, baseando-se em observações diretas da realidade grupal, uma notável intuição lhe permitiu ir além de seu tempo, antecipando descobertas arqueológicas que descrevem no funcionamento grupal a presença de vestígios psíquicos da cesura grupo pré-humano/humano, grupo nômade das savanas africanas, que se organizava de acordo com padrões que foram descritos por ele pela expressão supostos básicos. O grupo humano é, dentro desta perspectiva, uma evolução a partir destes vestígios pré-humanos/humanos até um grupo de trabalho, isto é, de produção (e que chamamos de cultura).
Em outras palavras, as sociedades humanas procuram a sua identidade particular num conjunto de traços comuns aos seus indivíduos, estabelece dispositivos de relacionamento com o sentido e a realidade. Por exemplo, a palavra fogo era em Heráclito uma metáfora dinâmica para tudo em que implicava a troca simbólica.
Descobertas arqueológicas a partir de 2000 [1] mostraram que o Australopitecos, a espécie que nos antecede, de dia se deslocava nomadicamente a procura de alimentos e, à noite, para se proteger dos predadores, se organizava em três círculos concêntricos. O mais externo constituía-se dos indivíduos em alerta para dar sinais de fuga ou para lutar contra os predadores, no centro ficavam os indivíduos dependentes, fêmeas, bebês, velhos e doentes e, entre os dois, havia um espaço para o qual os machos do círculo externo traziam as fêmeas para se acasalar.

Note-se que os supostos básicos de acasalamento, luta e fuga, dependência, não são uma teoria evolutiva (como o é a teoria da libido), pois eles ocorrem simultaneamente dentro da mesma dimensão que Bion chamou de nível proto-mental. Os supostos básicos ocorrem no momento noturno de passividade física do grupo, pois durante o dia esse grupo é de funcionamento caçador-coletor, um grupo de trabalho.
Ao observar as reações do grupo, Bion notou que enquanto um suposto básico se destacava no comportamento geral do grupo, os demais ficavam contidos na reação corporal dos membros do grupo. Para dar conta teoricamente desta observação, formulou o conceito de sistema proto-mental. Esta descrição poderia atender à complexidade das observações, todavia, a teoria sugere a ideia de uma hiperestrutura e, consequentemente, só pode acolher uma teoria minimalista. Ou seja, embora Bion dissesse que a teoria estava aberta a descrição de outros supostos básicos, isso nunca ocorreu pelo seu autor. Autores que tentaram descrever outros supostos básicos simplesmente criaram teorias ad hoc, ou seja, que atendiam a conveniência pessoal.
Todavia, o próprio Bion dará a essa teoria do sistema proto-mental uma significativa evolução, que é o conceito de pré-concepção. Ou seja, como os humanos guardaram o segredo de sua evolução grupal, e o mantém, num nível que mais adequadamente podemos chamar de mente embrionária.
No meu entender, se não fosse a pré-concepção, não conseguiríamos sair da situação pré-humana, e talvez teríamos a muito desaparecido como espécie. Foi no contexto desta existência proto-mental grupal que surgiu o mental (nascimento do tempo e do espaço simbólicos, o quadro coletivo de fundo tridimensional, onde se passa a existência humana). A observação de ritmos e ciclos possibilitou lidar com o presente de uma forma consciente, mas sempre vivendo como um momento que está indo para o futuro e, portanto, não é estável. Isso trouxe o fenômeno que conhecemos como angústia, colaborando para que o mental tivesse uma parte fechada, defensiva; enquanto outra parte permanece inevitavelmente aberta.
O mental surge a partir da pré-concepção, como uma solução, que garante a sobrevivência em todos os lugares da Terra.
Assim, a neotenia nos deixou como herança o principal (talvez único fator inato geral) a busca por uma mente que nos acolha. O bebê humano nunca conseguiria se alimentar sozinho, não fosse a ação mental da mãe. O ato de amamentação é um ato psíquico, e nele existe uma complexidade. Traduzo isso da seguinte forma: o bebê espera encontrar uma mente que seja capaz de atender suas necessidades e incompletude. A primeira mente é a mente da mãe que por trás tem a mente do casal de pais sexualmente unidos, apoiando, (a mente da mãe também contém inumeráveis gerações de mães), a mente do casal em como suporte a mente da família, que tem por trás a mente da sociedade e, finalmente, a expectativa que toda sociedade tem de encontrar uma mente criativa que traga soluções nesse looping que podemos chamar de autopoiético.
A pré-concepção como significado da cesura pré-humano/humano
Uma mudança de paradigma
A pré-concepção é originariamente uma ideia formulada por Melanie Klein. Ela postulou uma pré-concepção inata do seio. O tema fez parte da análise pessoal de Bion com Melanie Klein. Bion, questionava a presença do termo inato no conceito, dizendo muitas vezes à Klein, que era um termo epistemologicamente incorreto. Seu argumento é que se houvesse um inato absoluto, todos os seres humanos pensariam da mesma forma. Sua ponderação é que poderia haver apenas um colorido inato, que acompanhava as variáveis singulares de cada indivíduo em suas experiências.
Melanie Klein, como analista de Bion, não estava obviamente no papel de discutir conceitos teóricos em análise, entretanto, sugeriu-lhe a criação de um grupo de estudos para dar um estatuto epistemológico à suas ideias que geravam polêmicas.
Foi então criado o grupo Imago, formado por membros do grupo kleiniano, ao qual agregou-se um professor de filosofia da universidade de Cambridge, Stuart Hampshire, e o crítico de arte Adrian Stokes, especialista em arte renascentista. O grupo discutiu a questão (e muitas outras) dando importantes sugestões ao desenvolvimento dos conceitos de Bion. Os outros membros além de Klein, eram Betty Joseph, Hanna Segal, J.Wisdom, Roger Money-Kyrle, Elliot Jaques, Eric e Maria Rhodes.
Na última sessão de análise que tiveram, diante de outra questão essencial que Bion sempre fazia: Mas, afinal, Mrs. Klein, chegamos a nossa última sessão e me encontro como os três macaquinhos indianos, não vendo, escutando e falando, em estado de caos emocional, pois ainda não sei o que é psicanálise?
Melanie Klein, levanta-se de sua poltrona, estende a sua mão para Bion, e ao cumprimentá-lo em despedida, responde: “em suas próprias palavras, Dr. Bion: a psicanálise é uma pré-concepção em busca de uma realização”.
Bion expandiu essa ideia em larga escala fazendo-a o núcleo do seu modelo psicanalítico: a pré-concepção busca uma realização que dê à luz uma concepção (pensamentos em geral). Se a concepção mantém o valor de pré-concepção prossegue gerando novas concepções que podem se transformar em conceitos quando submetidas ao teste de realidade do senso comum grupal.
De imediato vemos que a pré-concepção segue o modelo das funções matemáticas, com uma parte invariável Ψ e uma parte que é modificável pela experiência (ξ), a parte cognitiva. O modelo das funções permite uma significativa mudança de paradigma.
Ψ (ξ) →realização-> concepções → conceitos
A pré-concepção pode ser definida como uma expectativa vaga de que no futuro existe um objeto psiquicamente acolhedor e onipotentemente capaz de preencher as necessidades e incompletudes humanas. Podemos chamar isso de ingenuidade primária. A frustração dessa expectativa, frustração inevitável, produz o que foi chamado de “culpa originária” ou “pecado original”, conceitos presentes nos mais distintos mitos de origem das religiões. Todavia, os mais intensos graus de frustração encaminham-se para estados de privação psíquica que aparecem nas mais graves e diversas patologias humanas.
Pela definição, entende-se facilmente porque as ideias religiosas que prometem a resolução de todos os problemas e sofrimentos após a vida terrena, isto é, um Céu, um Paraíso, um Valhala, 70 virgens e outras vantagens mais, têm tanto sucesso.
As religiões, e as muitas ideologias disfarçadas de religiões, sobretudo, as que tem o viés fundamentalista, enganam a pré-concepção com a promessa de que no futuro, todos terão todos uma sociedade mais justa, provida de tudo, com a condição de se comportar bem, não questionar nada, e seguir o que lhes for ordenado.
Essa questão permeia a civilização, tal como foi exemplarmente descrita num conto de Dostoievsky, O Grande Inquisidor. O autor figura uma volta de Cristo, tendo como lugar a cidade espanhola de Sevilha, no auge da Inquisição. Cristo aparece entre as cinzas das fogueiras onde se queimavam os hereges. Essa Igreja, representada pelos verdugos do Santo Ofício, termina encarcerando Cristo, por temer as consequências de seu contato com o povo. Os inquisidores o consideram inoportuno, seu amor é incompatível com o poder religioso vigente, sua liberdade é incômoda, sua fala ameaçadora.
O Inquisidor refere-se a uma das exigências básicas do poder no Ocidente: a produção de verdades e narrativas para gerar submissão e obediência. Nada mais atual de um embate que ludibria o ser humano e impõe as ideologias dos grandes grupos econômicos. Cristo é aquele que não enverga a toga dos supremos juízes e nem funda um império universal globalista. Sua ética não é a do poder.
A Igreja é uma representação da ideologia que precisa produzir uma consciência apaziguada, e isso entra em conflito com a liberdade que Cristo representa. Ele não vai entrar em nenhuma Igreja, não é cristão, não precisa confiar sua liberdade a alguém, e por isso se torna uma ameaça grave.
A liberdade é uma das características das ideias que mantém o valor de pré-concepção, nunca se saturam, estão sempre criando, e por isso nada mais autêntico que ela seja tantas vezes representada por um místico (citei aqui Cristo, mas poderia ter citado outros) ou um gênio.
Note-se que existe um ponto absolutamente polêmico na definição de pré-concepção: a ideia de tempo futuro no Inconsciente. É essa característica que faz Bion conceber um inconsciente que vai mais além do inconsciente freudiano; uma espécie de “armazém das possibilidades da espécie humana”, “um armazém de pensamentos sem pensador” ou uma “memória do futuro”, uma sombra lançada do futuro que pretende nos acolher, onde os seres humanos podem encontrar as soluções para seus problemas.
A teoria da pré-concepção aposta na criatividade e na renúncia à redução do conhecimento a qualquer ação de cálculo que repudia a razão sensível. A pré-concepção estabelece a Indecidibilidade de sua própria origem e, portanto, necessita da lógica do terceiro excluído. Ela altera nossa relação com o Inconsciente ao permitir pensar que jamais devemos eliminá-lo, pois ele é a origem de tudo e também será um dia a origem do pós-humano.
O objeto primário da pré-concepção não é apenas o seio fornecido pela mãe, pois esta é uma lógica negativa da exclusão de outros níveis da experiência emocional. Precisamos inserir a complexidade que mostra por detrás do seio os pais sexualmente unidos garantindo a existência da relação mãe-bebê, por trás dos pais temos a família que garante o casal, por detrás da família a sociedade que a garante e, finalmente, uma mente criativa por detrás da sociedade, que busca soluções para que estes vínculos continuem a preservar a vida da espécie.
Há uma espécie de espiral (looping) semelhante ao modelo do DNA, mostrando o desenvolvimento infinito da pré-concepção e que no sentido mais correto, depois do exposto, é sempre uma pré-concepção edípica.

Partes inatas (ψ) e partes variáveis provenientes da experiência complexa (ξ) se combinando infinitamente.
Eu entendo que a pré-concepção é edípica, pois o Édipo é a descrição fundamental da mente humana como uma mente tridimensional e social-histórica. Em outras palavras, o ser humano é um ser edípico, condenado inatamente a ter uma mente, a viver as consequências dessa passagem sem retorno ao estado anterior. A função básica do inato é a capacidade para buscar o psíquico por sua vez constituído pela busca de experiências emocionais.
O bebê busca a mente da mãe. É a mente da mãe que executa a função de conduzir o bebê ao seio. Essa função que Bion chamou nesse contexto de reverie, mostra o humano como um ser tridimensional (o bebê, a mente da mãe, o seio). Ao se alimentar instala-se a relação corpo e mente e, esta interface corpo/mente, ao longo da vida, será sempre uma fronteira onde diversos embates se travam para alcançar as concepções e conceitos (pensamentos) que funcionem adequadamente para manter a vida.
Falhas neste processo mental de alimentação/digestão produzem dissociações que levam à cultura do vazio, ao consumismo, à cultura da culpa originária. Esta é a cultura do pecado original, das dívidas impagáveis, das devastadoras moralidades grupais.
Finalmente, para continuarmos a entender o conceito de pré-concepção é preciso considerar que o elemento inato não é tão invariável quanto se pode pensar, isto é, não é matemático (apesar de se valer do modelo matemático das funções), pois temos a incerteza sempre presente, o que torna fundamental a ação do elemento variável da experiência na vida humana. Ação tantas vezes responsável por superação das situações mais difíceis, das doenças mais incuráveis e que levam os médicos a dizer coisas do tipo “terei que rasgar os livros de medicina”.
Em resumo, a pré-concepção representa o fato de que para o pré-humano sobreviver como espécie, e gerar uma outra, foi necessário que os bebês começassem a nascer cada vez mais imaturos, diminuindo com isto a influência do inato (ψ) e aumentando a capacidade para aprender com a experiência (ξ). Essa solução sustentou o nomadismo e a necessidade de se adaptar rapidamente às mais distintas situações geográficas e climáticas, além de combater com mais eficácia os predadores. Mas os predadores ainda estão nos rondando, como é o caso do corona-vírus.
Recapitulando, a pré-concepção levou o ser humano a se tornar cada vez mais dependente do grupo. O grupo de sobrevivência evoluiu para uma sociedade que se tornou o meio onde habita o humano. O que não deixou de gerar problemas em relação ao meio anterior, a Natureza, que desde então veio sendo desprezada. Problema atualmente crucial e do qual depende nosso futuro como espécie. Pois se a pré-concepção gerou o humano irá certamente gerar um dia o pós-humano, um ser ainda bem longe de nossas capacidades imaginativas, se o humano permitir e não se destruir, destruindo a natureza.
Se pudermos resumir o problema apresentado por Bion podemos dizer que se trata efetivamente da transição de um pensar habituado com o objeto simples, herança científica do século XIX e início do século XX, e que ainda possui muito vigor e longa tradição produtiva, para um pensar sobre o objeto complexo, onde as relações são pautadas pelo Princípio da Incerteza. Uma consequência imediata desta transição é necessitar de um diálogo mais amplo com a ciência, o que Bion não se esquiva em nenhum momento.
A irrupção da incerteza dá outro ritmo ao mundo, expõe uma diferença que nos faz perceber a importância do tempo. Percebemos o tempo porque há ritmo, uma ruptura de continuidades e, ao mesmo tempo, uma continuidade. Percebemos no ritmo do tempo uma cesura, uma pausa que estabelece a relação entre meios aparentemente incompatíveis entre si. Para lidar com isto é preciso usar nossa imaginação produtora, desde que através dela possamos restaurar nossa intuição.
Quando uma incerteza irrompe traz a surpresa do novo, o que até então poderia não ser possível agora se pode afirmar como pensamento. Nessa máxima potência, o tempo é a nossa percepção de que o ser é originário, ou seja, provém de uma origem inacessível que nunca cessa, e como tal não se dá linearmente, mas segundo ritmos, diferenças, acasos, afirmando o confronto entre ser e não ser, verdade e mentira, luz e sombra.
A questão ao se usar o Princípio da Incerteza não é a do uso de uma metáfora científica proveniente da Física quântica. Não se trata de uma transferência de conceitos de outras disciplinas para a psicanálise. Trata-se da afirmação categórica que o Princípio da Incerteza e a Complexidade são próprios ao pensar, não importa em qual disciplina emerge. Complexidade deve gerar complexidade. Incerteza deve gerar respeito a incompletude das observações. Incompletude deve reconhecer a Infinitude. Infinitude obriga a decidibilidade temporária de um ponto indecidível, configurando a singularidade.
O primeiro desdobramento da transição de objetos (simples para o complexo) trazida pela teoria do Pensar, e mais especificamente pelas questões envolvidas com o modelo que utiliza a pré-concepção, pode ser encontrada no conceito de objeto psicanalítico que aparece no capítulo 22 de Aprender da Experiência. O título que contempla exatamente o que estamos falando sobre a sobrevivência da espécie humana.
O objeto psicanalítico, diga-se logo, é o objeto da psicanálise para Bion, ou seja, o produto final do desenvolvimento teórico-clínico que estabelece um referencial crítico para acompanhar as observações e intervenções no campo analítico. Trata-se da essência da diferença de Bion para com outros autores. Sua formulação foi feita através de uma fórmula que guarda afinidade com o parâmetro da matemática pura, e também coerente com a proposta epistemológica de não saturar com significados a sua expressão inicial:
{Ψ (ξ) (±Y) M}
Podemos traduzi-la da seguinte forma: a pré-concepção ψ (ξ) busca uma realização que dê à luz a uma concepção no espectro (± Y) de possibilidades que vai do –Y (narcisismo) ao +Y (social-ismo) sob a égide constante da complexidade (M) inerente a um organismo biológico.
Um esquema gráfico pode dar a seguinte visão:

Se imaginariamente fizermos um corte no espectro ±Y teremos o seguinte esquema gráfico complementar, mostrando os níveis de realização e suas especificidades:

O esquema salienta que o primeiro nível de realização sempre ocorre através de concepções-crenças. O que causa isso é o impacto emocional da realidade bruta. Será o grau de intolerância a esse impacto, traduzido por diversas intensidades de frustração, que vai possibilitar se as concepções iniciais adquiram saturações que as tornará mais propícias ao polo narcísico, ou se irão para concepções menos saturadas no polo social-ista. Se ocorre saturação narcísica torna-se difícil, e a dificuldade pode chegar ao impossível, de transitar para o nível do pensar que é de onde se pode evoluir para o aprendizado com a experiência e daí para a criação. Uma vez existindo a criação ela irá atrás de seu criador, a pré-concepção originária, e o ciclo se repete.
Por exemplo, em uma sociedade fundamentalista, presa às crenças narcísicas acirradas, pouco se consegue criar. Alguém conhece diversidade musical entre os aiatolás? Alguém conhece fundamentalistas produzindo arte? As crenças esmagam a capacidade para pensar, pois as concepções perdem o valor de pré-concepção que permitiria gerar novas concepções.
Outra forma de abordar o funcionamento das concepções, no seu caminho para formar conceitos sobre o mundo é colocando-as como funções da mente do indivíduo.
A primeira destas funções é a função-alfa do Self, responsável por realizar o contato entre a realidade interna e a realidade externa, ou seja, de digerir as impressões sensoriais e a realidade bruta de uma forma que o aparelho psíquico possa contê-las. Essa função produtora de continente nunca pode se realizar plenamente, ela deve possuir intrinsecamente sempre algum grau de falha (pois, sendo ela como o sonhar, caso o indivíduo tivesse um sonho perfeito não acordaria jamais). Além disso, temos a impossibilidade intransponível da existência do outro, como Não-Eu.
A falha inevitável encontra na mente duas funções de suporte: a função intuitiva e a função social.
A função intuitiva desenvolvida pode se transformar em ideias místicas, ciência, arte ou em função psicanalítica da personalidade. Esta pode ser treinada para o trabalho analítico [2].
A função social se encarregaria de fornecer ao indivíduo elementos para que ele possa lidar com fatos e situações que sozinho não consegue. São as leis, rituais, códigos, cerimoniais, etc. A função social é sempre histórica, fornece referenciais para a historicidade do indivíduo se localizar no contexto grupal. O objeto interno, por sua vez, possui sua função-alfa que reproduz o alcance da capacidade de continência do circuito.
A descrição acima pode ser colocada no seguinte esquema gráfico:

Considerações finais
Para finalizar, penso que aos psicanalistas interessa continuar ressaltando que a busca da verdade consiste no cerne da psicanálise e está implícita na solidão do trabalho analítico, com uma vida própria, uma vida de criação, uma história imanente e, que é apenas em função de seus próprios problemas, de sua própria história, que a história da psicanálise ela pode ser compreendida por quem por ela se interessar.
Foi sempre nesse sentido que a psicanálise conseguiu romper com a cientificidade que sempre existiu com relação ao conhecimento da realidade psíquica. Pois, não se trata apenas de uma questão de objeto novo; trata-se de todo um novo modo de pensar que deve constantemente ser resgatado.
A psicanálise não deu apenas um novo conteúdo à história da verdade, mas trouxe uma nova maneira de colocar os problemas. É neste campo que se situa o novo paradigma do objeto psicanalítico proveniente da Teoria do Pensar de Bion.
Penso que essa visão da psicanálise é, na falta de um termo melhor, uma visão humanista e complexa. Trata-se do reconhecimento do outro em sua plena qualidade humana em evolução.
Em Bion, não temos avaliações, julgamentos, idealizações e diagnósticos. A proposta psicanalítica é entrar direto na experiência, nunca indiretamente através de diagnósticos e teorias. O estado mental para conseguir isso é próximo do poético, mas é também onírico e é também incerteza.
Em Bion, temos as vicissitudes do não pensar versus os benefícios do pensar como característica do humano; o pensar é a única função que consegue fazê-lo evoluir individual e socialmente.
Essa simetria espectral que rege a identidade humana, e que chamo de princípio ético-estético da singularidade, nunca foi de fato universalizado. Até hoje temos os colonizados, os explorados, os que são considerados sub-humanos, os que não atingiram o estágio adulto. Todos são alvos de desobjetalização ou desumanização.
Até hoje temos ideologias políticas e ideologias religiosas que consideram que seu vértice da realidade é o correto, e o pregam como se fosse melhor para todos. Pior ainda quando consideram que do lado de sua ideologia é que está o Bem e o do outro lado está o Mal.
Isso já acontece desde sempre, bem antes da pandemia, desde as mais primitivas organizações humanas.
Como pode existir uma dialética permanente entre Nós e Eles, entre eu e o Nós, se existem instituições que pregam não vincular o desenvolvimento pessoal ao desenvolvimento da comunidade, e que destroem a possibilidade de a Educação priorizar as condições que possam desabrochar o Eu em Nós, e o Nós possa permitir que o Eu desabroche.
A violência e crueldade estão arraigadas nas ideologias e não vejo possibilidade de o humanismo ser resgatado, ou reparado (uma vez que sempre existiu) quando a violência e a crueldade não são combatidas com responsabilidade e estratégias educacionais.
Todos os seres humanos são semelhantes em aspectos genético, anatômico, fisiológico, afetivo e mental, mas são ao mesmo tempo diferentes nestes mesmos aspectos, sobretudo, no mental. Sobre isso falei o tempo todo em minha exposição.
Todas as culturas são dotadas de linguagem com a mesma estrutura (dupla articulação). Cada uma tem sua língua própria. Toas as culturas têm costumes, indumentária, técnicas, crenças, músicas, estéticas, mas estes são singulares de cada uma.
Precisamos adotar o axioma de Hume a razão é escrava da paixão. Não há razão sem paixão e não paixão sem razão. Nossa razão precisa ser sensível a tudo o que afeta os seres humanos. Foi isso que possibilitou a sobrevivência da espécie.
Mais ainda: a razão sensível, o amor apaixonado, são parte de um amor integrado, que é também a mais forte e mais bela relação intersubjetiva que se conhece. O amor não está no Mito de Édipo, e só será possível desenvolvê-lo descrevendo o mito para conseguir sair de sua dimensão primitiva para outra que o respeita, mas o depura, através de uma linguagem, que é precisa e poética.
O amor à verdade irriga o mundo das ideias, e é o único complemento possível da liberdade, pois sem ele a liberdade se torna destrutiva.
O amor deve estar presente não para combater a crueldade, mas para gerar a responsabilidade de diferenciar as noções de realismo responsável e realismo utópico.
O utópico consiste em crer que o real presente fornecido por crenças é estável. Portanto, ignora que o presente é mutável por forças inconscientes.
O realismo responsável sabe que o presente é um momento num vir a ser. Faz parte da dinâmica da pré-concepção. Essa se alia à intuição para detectar os sinais, sempre fracos de início, que anunciam transformações.
Por exemplo, o realismo político dos anos 1930 deveria ter captado os sinais enviados pelo laboratório de Fermi sobre as possibilidades de utilização negativa da energia atômica. Não levou em conta. Houve desobjetalização.
O relatório Meadows de 1972 alertou sobre a degradação da biosfera e suas consequências. Mas as políticas predatórias petrolíferas seguiram seu rumo sem a menor responsabilidade.
Em 1973, os países produtores de petróleo inventaram uma forma de submeter o mundo, aumentando os preços do petróleo e criando uma guerra no Oriente Médio. Alegou-se um motivo religioso para tal guerra e para desviar a atenção de relatórios que apontavam para a futura extinção dessa forma de energia. Tratava-se de ganhar o máximo de dinheiro possível e com isso fomentava-se a corrupção.
Atualmente não é o petróleo, o mundo está submetido aos laboratórios que produzem vacinas.
Os exemplos são incontáveis na história da humanidade desde seus primórdios.
O realismo responsável é não voltar à aparente normalidade anterior, ao faz de conta de que um partido apenas vai resolver qualquer coisa que seja. Devemos pensar sempre em reformar a política, o Estado, a civilização. Uma tarefa que pode parecer homérica e utópica. Mas algo dela sempre deu bons resultados.
Notas
1 New Hominid Species Discovered in South Africa, New York Times, Celia W. Dugger and John Noble Wilford, April 8, 2010.
2 Note-se que o conceito clássico de tratamento analítico proveniente do modelo médico aqui se altera plenamente. A psicanálise é uma habilidade humana que o processo analítico pode ajudar a desenvolver. Não se pode fornecer análise a uma pessoa como se fosse um remédio. Podemos como analistas modestamente trazê-la para fora.
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